Você talvez já conheça o termo “hiper-personalização”, especialmente se trabalha na indústria de pagamentos ou e-commerce.
A hiper-personalização em marketing é fundamentalmente o ato de usar dados em tempo real para entregar ofertas, conteúdos e uma experiência de usuário individualizada.
Um exemplo clássico é quando você navega por um marketplace online e o site sugere produtos semelhantes baseando-se no seu histórico de busca.
Com essa definição, fica mais fácil compreender o plano das lojas de autoatendimento da Amazon, conhecidas como Amazon Go, nos Estados Unidos.
A Amazon tem acesso a uma vasta quantidade de dados, e tentou capitalizar com a abertura dessas lojas ousadas.
A jornada do cliente é crucial para a taxa de conversão, e sabemos que quantos menos passos para finalizar uma compra, maior a probabilidade de concretizá-la.
No mundo virtual, isso significa menos cliques, menos campos para preenchimento e menos verificações.
No mundo real, isso se traduz na eliminação de filas, na ausência da necessidade de trocar dinheiro e, para algumas pessoas, na possibilidade de evitar a interação com o caixa ou com outros clientes.
O projeto parecia genial. Antes de entrar na loja, é necessário fazer o download do aplicativo Amazon Go e vinculá-lo à sua conta da Amazon.
Para entrar, basta escanear o código QR do seu celular na entrada. O grande diferencial, como anunciado pela Amazon era o “Just Walk Out”, ou a capacidade de simplesmente sair da loja.
As milhares de câmeras e sensores de peso nas prateleiras, semelhantes aos utilizados em alguns hotéis que cobram automaticamente por itens retirados, identificavam os produtos escolhidos.
A diferença é que a Amazon sabia quando você colocava um produto de volta na prateleira e só cobrava o que realmente era levado, debitando diretamente da sua conta na Amazon.
No entanto, a realidade mostrou-se diferente do prometido. Apesar das alegações de monitoramento por inteligência artificial, um relatório do The Information revelou que um escritório na Índia com mais de 1000 pessoas revisava manualmente as transações para treinar o modelo de aprendizado da IA, sendo necessário cerca de 700 humanos para cada 1000 vendas.
Embora a Amazon Go não tenha avançado muito em otimizar seu modelo de IA, a experiência oferecida nos supermercados com o uso apenas do celular cumpriu o prometido.
Testei pessoalmente uma loja em Nova York e, realmente, a praticidade é notável.
O único contratempo foi não conseguir tirar meu recibo, mas agora entendo que talvez houvesse alguém mais focado em analisar o conteúdo da minha cestinha do que em gerar meu comprovante de pagamento.